Quando esse assunto é abordado, principalmente no ambiente escolar, geralmente são realizados projetos com foco nos alunos, e isso é naturalmente importantíssimo! Mas, professor também é gente e precisa de cuidado!
Temos observado que a pandeia mexeu com a cabeça de todas as pessoas e, em vários aspectos. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Psiquiatria da USP – Universidade de São Paulo aponta que 26% das crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, apresentam sintomas de ansiedade e depressão. Esse dado é alarmante!
Nesse período de distanciamento social, tivemos uma grande transformação nas relações sociais. Além da “redescoberta” do ambiente escolar, diferente do costumeiro, os alunos tiveram que reaprender a aprender e conviver, assim como seus familiares e, nós, professores. Os professores se depararam com essa nova tarefa de trabalhar a socialização juntos aos alunos e uma reorganização de seus fazeres pedagógicos.
E o que aconteceu quando o sistema de ensino virtual e ou híbrido foi retomado com as aulas presenciais? Sentimentos como agressividade e o desrespeito também cresceram significativamente. E agora aparecem mais latentes, tanto por parte dos alunos, seus pais e, nós, professores. Isso diz respeito a toda a comunidade escolar, desde os alunos até coordenadores, gestores e corpo docente.
Temos que perceber que nenhuma produtividade se sustenta quando adoecemos, dessa forma cuidar da saúde mental é um compromisso constante que temos todos que assumir para que nossas relações intra e interpessoais não se deteriorem. Isso deve ser encarado como um processo cuja linha de partida é agora! Estamos nos estressando cada vez mais…mais… e mais!
O acolhimento de professores, alunos e, até mesmo, os pais é um tema urgente a ser discutido. Como cada escola pode melhorar o ambiente para que esse espaço seja cada vez mais saudável e menos mentalmente nocivo? Talvez troca de ideias, por exemplo, sejam um bom começo. Professores menos excludentes, ao tirar de sala de aula aqueles alunos com mais dificuldades de socialização; coordenadores mais presentes nas salas, para constatar e dialogar com esses alunos, individual ou coletivamente; gestores mais presentes e acessíveis nos momentos críticos; pais e responsáveis mais comprometidos com a educação de seus filhos, sem superproteção ou transferência de responsabilidades; menos gritos, mais acalentos. Enfim!
O encontro com pessoas em sofrimento nos convoca também a olhar para nós mesmos e, nessa linha, o professor é aquele que sente que não dá conta, e que precisa fazer malabarismos para superar esse problema. E mesmo, quando o fazem, isso não é o suficiente, pois aqueles que não convivem com os vários problemas que são trazidos para a escola – e não deveriam – se julgam no direito de, no primeiro momento, criticar sem apresentar soluções. Ledo engano!
Temos que partir para um movimento pela saúde mental nas escolas, buscando um leque de atividades focadas em cuidar e abordar a saúde mental da comunidade escolar – alunos, professores e pais. A hora é essa, temos que começar! Esse é meu chamamento.
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