Alfabetizar em contexto de letramento representa tomar a linguagem como interlocução e ensinar a língua escrita, inclusive o sistema alfabético, no contexto dos usos da linguagem nas práticas sociais de leitura e escrita.
Nessa perspectiva,
o ensino da língua escrita deve ser desenvolvido, seja de forma oral ou
escrita, utilizando-se de gêneros diversos. Portanto, a escola deve partir
desses textos, da linguagem em uso, para exercitar capacidades de leitura e
produção textual com funções e formas distintas.
Com essa forma
de apropriação da escrita, o processo de letramento do indivíduo, desde que
este tenha oportunidade de usar e conhecer práticas de leitura e escrita da
sociedade em que está inserido, é estimulado mesmo antes do domínio do sistema
alfabético de escrita, o que enriquece o repertório linguístico do aluno.
Ao pensarmos em alfabetização, os textos da tradição oral são muito interessantes, por favorecer o desenvolvimento da reflexão fonológica, que por sua vez ajuda a estruturar o aprendizado do sistema alfabético. A reflexão fonológica com a utilização das rimas, palavras, sílabas e fonemas pode ser promovida com ludicidade e dinamismo através de textos, pois brincando com as palavras, dividindo-as, fragmentando-as, o entendimento de suas estruturas menores torna-se mais claro e vivo no processo de ensino e aprendizagem.
Os trava-línguas, nessa perspectiva, fazem parte das manifestações orais da cultura popular, são elementos do nosso folclore, como as lendas, os acalantos, as parlendas, as adivinhas e os contos. O que faz as crianças repeti-los é o desafio de reproduzi-los sem errar. Em sua essência, trava-línguas são frases difíceis de pronunciar, pois possuem sílabas com sons parecidos.
Esses
elementos são recursos linguísticos utilizados para ajudar as crianças a
desenvolverem um vocabulário mais amplo. Além disso, podem ser usadas por
adultos, pois colabora para uma melhor articulação das palavras, ou seja,
contribui para que as sílabas sejam pronunciadas de forma mais clara e correta.
Por terem de
ser ditos de forma rápida, essa combinação de palavras se torna uma brincadeira
bem atrativa, independentemente da idade.
Veja abaixo vários trava-línguas para você, professor, escolher os mais apropriados para sua
turma se divertirem aprendendo:
1. Num
ninho de mafagafos há sete mafagafinhos. Quando a mafagafa gafa, gafam os sete
mafagafinhos.
2. Trazei
três pratos de trigo para três tigres tristes comerem.
3. A
aranha arranha a rã. A rã arranha a aranha. Nem a aranha arranha a rã. Nem a rã
arranha a aranha.
4. O
tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, o tempo respondeu ao tempo
que o tempo tem o tempo que o tempo tem.
5. Se percebeste,
percebeste. Se não percebeste, faz que percebeste para que eu perceba que tu
percebeste. Percebeste?
6. O rato
roeu a rica roupa do rei de Roma! A rainha raivosa rasgou o resto e depois
resolveu remendar!
7. Em rápido
rapto, um rápido rato raptou três ratos sem deixar rastros.
8. O
sabiá não sabia que o sábio sabia que o sabiá não sabia assobiar.
9. Sabendo
o que sei e sabendo o que sabes e o que não sabes e o que não sabemos, ambos
saberemos se somos sábios, sabidos ou simplesmente saberemos se somos
sabedores.
10. Olha o
sapo dentro do saco. O saco com o sapo dentro. O sapo batendo papo e o papo
soltando o vento.
11. A Iara
agarra e amarra a rara arara de Araraquara.
12. Fala,
arara loura. A arara loura falará.
13. Quem a
paca cara compra, paca cara pagará.
14. Bagre
branco, branco bagre.
15. A babá
boba bebeu o leite do bebê.
16. A
mulher barbada tem barba boba babada e um barbado bobo todo babado!
17. O que
é que Cacá quer? Cacá quer caqui. Qual caqui que Cacá quer? Cacá quer qualquer
caqui.
18. Chega
de cheiro de cera suja.
19. Concluímos
que chegamos à conclusão que não concluímos nada. Por isso, conclui-se que a
conclusão será concluída quando todas tiverem concluído que já é tempo de
concluir uma conclusão.
20. Um
ninho de carrapatos, cheio de carrapatinhos, qual o bom carrapateador, que o
descarrapateará?
21. Quem
era Hera? Hera era a mulher de Zeus.
22. O
desinquivincavacador das caravelarias desinquivincavacaria as cavidades que
deveriam ser desinquivincavacadas.
23. O doce
perguntou pro doce qual é o doce mais doce que o doce de batata-doce. O doce
respondeu pro doce que o doce mais doce que o doce de batata-doce é o doce de
doce de batata-doce.
24. O
bispo de Constantinopla é um bom desconstantinopolitanizador. Quem o
desconstantinopolitanizar, um bom desconstantinopolitanizador será.
25. Esta
casa está ladrilhada, quem a desenladrilhará? O desenladrilhador. O
desenladrilhador que a desenladrilhar, bom desenladrilhador será!
26. O
original não se desoriginaliza! O original não se desoriginaliza! O original
não se desoriginaliza! Se desoriginalizásemo-lo original não seria!
27. Fia,
fio a fio, fino fio, frio a frio.
28. Se o
Faria batesse ao Faria o que faria o Faria ao Faria?
29. Farofa
feita com muita farinha fofa faz uma fofoca feia.
30. Não
sei se é fato ou se é fita. Não sei se é fita ou fato. O fato é que você me
fita e fita mesmo de fato.
31. A naja
egípcia gigante age e reage hoje, já.
32. Gato
escondido com rabo de fora tá mais escondido que rabo escondido com gato de
fora.
33. Lá vem
o velho Félix com o fole velho nas costas.
34. Um
limão, mil limões, um milhão de limões.
35. Ao
longe ululam cães lugubremente à Lua.
36. Se a
liga me ligasse, eu também ligava a liga. Mas a liga não me liga, eu também não
ligo a liga.
37. Maria-mole
é molenga. Se não é molenga, não é maria-mole. É coisa malemolente, nem mala,
nem mola, nem Maria, nem mole.
38. A vaca
malhada foi molhada por outra vaca molhada e malhada.
39. Os
naturistas são naturalmente naturais por natureza.
40. O
padre pouca capa tem, porque pouca capa compra.
41. Perto
daquele ripado está palrando um pardal pardo.
42. O
princípio principal do príncipe principiava principalmente no princípio
principesco da princesa.
43. A pia
perto do pinto, o pinto perto da pia. Quanto mais a pia pinga mais o pinto pia.
A pia pinga, o pinto pia. Pinga a pia, pia o pinto. O pinto perto da pia, a pia
perto do pinto.
44. Há
quatro quadros três e três quadros quatro. Sendo que quatro destes quadros são
quadrados, um dos quadros quatro e três dos quadros três. Os três quadros que
não são quadrados são dois dos quadros quatro e um dos quadros três.
45. Não
confunda ornitorrinco com otorrinolaringologista, ornitorrinco com
ornitologista, ornitologista com otorrinolaringologista, porque ornitorrinco é
ornitorrinco, ornitologista é ornitologista, e otorrinolaringologista é
otorrinolaringologista.
46. Toco
preto, porco fresco, corpo crespo.
47. Se o
Pedro é preto, o peito do Pedro é preto e o peito do pé do Pedro também é
preto.
48. Pedro
pregou um prego na porta preta.
49. Paulo
Pereira Pinto Peixoto, pobre pintor português, pinta perfeitamente portas,
paredes e pias por parco preço, patrão.
50. Pedreiro
da catedral, está aqui o padre Pedro? – Qual padre Pedro? – O padre Pedro Pires
Pisco Pascoal. – Aqui na catedral tem três padres Pedros Pires Piscos Pascoais,
como em outras catedrais.
51. Se o
Papa papasse papa, se o Papa papasse pão, se o Papa tudo papasse, seria um Papa
papão.
52. Disseram
que na minha rua tem paralelepípedo feito de paralelogramos. Seis
paralelogramos têm um paralelepípedo. Mil paralelepípedos têm uma
paralelepipedovia. Uma paralelepipedovia tem mil paralelogramos. Então uma
paralelepipedovia é uma paralelogramolândia?
53. A rua
de paralelepípedo é toda paralelepipedada.
54. O
Borges relojoeiro ruminara roendo raspas de raiz de romãzeira.
55. Teto
sujo, chão sujo.
56. A vida
é uma sucessiva sucessão de sucessões que se sucedem sucessivamente, sem
suceder o sucesso.
57. Fui
caçar socó, cacei socó só, soquei socó no saco socando com um soco só.
58. Caixa
de graxa grossa de graça.
59. Tecelão
tece o tecido em sete sedas de Sião. Tem sido a seda tecida na sorte do
tecelão.
60. Uma
trinca de trancas trancou Tancredo.
61. Se
cada um vai à casa de cada um é porque cada um quer que cada um vá lá. Porque
se cada um não fosse à casa de cada um é porque cada um não queria que cada um
fosse lá.
62. Tem
uma tatu-peba com sete tatu-pebinha. Quem destatupebar ela, bom destatupebador
será.
63. Atrás
da porta torta tem uma porca morta.
64. Para
ouvir o tique-taque, tique-taque, tique-taque. Depois que um tique toca é que
se toca um taque.
65. Se
vaivém fosse e viesse, vaivém ia, mas como vaivém vai e não vem, vaivém não
vai.
66. O seu
Veiga come aveia e pão com manteiga.
67. Casa
suja, chão sujo. Chão sujo, casa suja.
68. Brito
britou de brilhantes brincando de britador.
69. Luzia
lustrava o lustre listrado, o lustre listrado luzia.
70. Catarina
canta uma canção com Carina.
71. Pardal
pardo, por que sempre palras? Palro sempre e palrarei, porque sou pardal pardo.
O palrador d'el rei.
72. Com
fé, vou a pé à Sé.
73. Alô, o
tatu tá aí? – Não, o tatu não tá. Mas a mulher do tatu tando, é o mesmo que o
tatu tá.
74. A faca
afiada ficava no fundo do fogão.
75. A
chave do chefe Chaves está no chaveiro.
76. Quando
digo "digo", digo "digo". Não digo "Diogo".
Quando digo "Diogo", digo "Diogo". Não digo
"digo".
77. Larga
a tia, lagartixa. Lagartixa, larga a tia.
78. A
aglomeração na gleba glacial glosava a inglesa glamorosa que glosava com o
gladiador glutão.
79. A
hidra, a dríade e o dragão, ladrões do dromedário do Druida, foram apedrejados.
80. O
frasco francês está fresco e frio.
81. A
abelha abelhuda abelhudou as abelhas.
82. O bode
bravo berra e baba na barba.
83. A
flora do seu Floripes vende flores fabulosas.
84. O
brinco da Bruna brilha.
85. Dorme
o gato, corre o rato e foge o pato.
86. O
tenente valente felizmente recebeu um presente.
87. Bote a
bota no bote e tire o pote do bote.
88. Um
tigre, dois tigres, três tigres.
89. O gato
fugiu pro mato e pegou carrapato no ato.
90. José
junta jabuticabas na jarra.
Com estudo e criatividade, o professor poderá ampliar essas sugestões de trabalho, utilizando elementos de sua cultura local. Vale diversificar os trava-línguas, pois assim, ampliará a aprendizagem de seus alunos em leitura e escrita.
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