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O começo, o meio e o fim. Se quiser ter sucesso no mundo louco de hoje, você precisa mostrar sua personalidade, seu senso de humor e, acima de tudo, abrir seu coração. Eu não me furtaria a isso também: ANTONIO CARLOS MACEDO DOS SANTOS, licenciado em Educação Física, Pedagogia e especialista em Desenvolvimento Psicomotor, 66 anos, casado e feliz, alegre, otimista e pé no chão. Amo música, esportes, um bom livro, filmes, sou eclético nisso. Para saber mais sobre mim, navegue pelo meu blog, conheça minhas opiniões, paixões e descubra o que me inspira... e o que pode inspirar você também!

domingo, 24 de abril de 2022

DIA DO INDÍGENA

 


DIA DO INDÍGENA NA ESCOLA: Por Que e como trabalhar.

 

O Dia do Indígena, que é o termo mais corretamente utilizado nos dias atuais, faz parte das datas comemorativas da programação anual das escolas. A data é importante para valorizar as culturas que formaram nosso país. Ao trabalharmos a cultura dos povos indígenas estamos falando de natureza, riqueza linguística, resistência e diversos outros temas que podem ser correlacionados a outros conteúdos acadêmicos.

Mas você já parou para refletir sobre a forma como a data é comemorada nas escolas?

Mesmo sabendo que a data está inserida nos conteúdos escolares, sua abordagem acaba reforçando muitos estereótipos e não representando a diversidade dos povos indígenas que habitaram e habitam nossa terra.

Fazendo um recorte histórico, podemos lembrar que a data de 19 de abril foi determinada pelo presidente Getúlio Vargas, em 1943, em resposta ao Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado em 1940, no México.

Poucos ainda sabem que o dia 9 de agosto é o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Portanto podemos expandir o tema também nessa data.

A cultura indígena brasileira é muito ampla e precisa ser pesquisada e apresentada nas escolas. O papel de reduzir povos a imagens caricatas, sem a multiplicidade de suas formas de expressão, minimiza sua importância e, consequentemente, sua memória. E não se faz história sem registros e disseminação social e cultural.

Dessa forma, devemos trabalhar no ambiente escolar o Dia do Indígena (Dia do Índio ou Dia Internacional dos Povos Indígenas) de forma a inserir a cultura dos povos originários nos processos de ensino-aprendizagem. Boa parte da história do nosso país ainda não é contada em sala de aula, e a versão dos indígenas é pouco ouvida.

Para enriquecermos o tema o Censo 2010 do IBGE, afirma que há cerca de 900 mil indígenas no Brasil. Os dados mostram que 57,7% dos indígenas vivem em terras indígenas. 

A distribuição pelo território é a seguinte:

·       Norte – 37,4%

·       Nordeste – 25,5%

·       Centro-oeste – 16%

·       Sudeste – 12%

·       Sul – 9,2 %

A pesquisa aponta ainda que os indígenas estão divididos entre 305 etnias e falam 274 línguas.

A diversidade é grande, então não vale dizer que o Dia do Indígena (Dia do Índio ou Dia Internacional dos Povos Indígenas) não pode ser bem desenvolvido em sala de aula.

 Vamos evitar alguns erros

O primeiro deles está presente no próprio nome “índio”. O termo mais adequado a ser utilizado é INDÍGENA. Correto seria, então, Dia do Indígena. Isso porque “indígena” faz referência a pessoa originária/nativa da terra, diferentemente de “índio” – apelido empregado pelos portugueses, cuja conotação pode ser negativa.

O Segundo deles: Tribo, não! Os nomes mais adequados são: “povos”, “povos originários” e “nações”. “Tribo” é outra denominação européia que tinha como característica hierarquizar e reduzir os agrupamentos de povos indígenas à selvagens. Ao se referir ao território, os termos corretos são: “comunidade” ou “aldeia”.

Ao superarmos esses estereótipos, estamos avançando a passos largos no combate ao Bullying:

Terceiro erro: Indígena não é fantasia! Fantasiar as crianças no Dia do Indígena (Dia do Índio) na escola não é visto com bons olhos. Isso reforça estereótipos e reduz os povos a imagem caricata que foi construída fora das aldeias. Devemos substituir essa caracterização pela apresentação da diversidade dos povos. Nesse sentido, desenvolver projetos sobre a diversidade dos povos seria um excelente caminho.

Muitos não sabem que a Lei 11.645/08 determina que: “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”.

Embora essa lei tenha 14 anos de publicação, ainda há muito trabalho a se fazer no que diz respeito a valorização dessas histórias e culturas, essenciais para a formação do país. Portanto, é muito importante que as escolas atuem cada vez mais inserindo essas pautas nos processos de ensino-aprendizagem dos alunos.

As escolas, perante a esse tema, tem responsabilidades. Elas devem ter como atividades para sala de aula:

 a)  Cinedebates: Apresentação de filmes para estimular produções textuais, artísticas ou debates com os alunos. Na internet é possível encontrar vários documentários disponibilizados online.

          Alguns deles são:

         “Aqueles que contam histórias” (https://youtu.be/VCM5yu56Gzk), que resgata histórias dos cem anos de encontro do índio laklãnõ/xokleng com os brancos e mostra a luta desse povo contra a barragem que destruiu parte de suas terras e dividiu as aldeias dentro da Terra Indígena. 

          “Mbyá Reko Pyguá, a luz das palavras” (https://curtadoc.tv/curta/espiritualidade/mbya-reko-pygua-a-luz-das-palavras/), que mostra a sensibilidade do povo Guarani em educar as crianças permanece viva apesar das influências da sociedade contemporânea. Mas os caminhos e esforços dos líderes espirituais e professores indígenas são marcados por dilemas, buscas, encontros e desencontros.  

          Mundo digital: Youtubers indígenas. Você sabia que youtubers indígenas produzem conteúdo para a plataforma? Alguns canais ganharam destaque recentemente apresentando a complexidade e diversidade dos indígenas no Brasil. Falam da vivência nas cidades e quebram preconceitos. Uma ótima dica para os jovens ligados na internet! 

        O Canal Wariu – Cristian Wari’u (https://youtu.be/unkNJF_mlNQ) apresenta a diversidade dos povos de forma bem didática. Os vídeos “Povos indígenas do Brasil” e “O que é ser indígena no século XXI” são bem interessantes.

 

          b)   Roda de Leitura: Utilizar livros sobre os povos indígenas no Brasil. O mais interessante é não resumir a leitura de materiais da cultura afro-brasileira e indígena a datas comemorativas. Incentive a leitura durante todo o ano apresentando a diversidade brasileira.

 Algumas indicações:

              ·       Fala de bicho, fala de gente

·       Contos Indígenas Brasileiros

·       Kurumi Guaré no Coração da Amazônia

·       A Terra dos Mil Povos: História indígena do Brasil contada por um índio

·       Boca da Noite: Histórias que Moram em Mim

·       Tem Tupi na Oca e em Quase Tudo que se Toca

·       Descobrindo o Xingu

 

c)    Povos Indígenas no Brasil (https://pib.socioambiental.org/pt/P%C3%A1gina_principal).

Esse site vale ouro! É rico em informações dos povos, apresenta dados e mapas. Fala das línguas, modos de vida, direitos e políticas indigenistas. Vale a pena conferir e retirar material para elaborar uma aula rica em novos conhecimentos.

         d)   Nomes de povos indígenas do Brasil (https://mirim.org/pt-br). O site Povos Indígenas no Brasil Mirim tem como objetivo apresentar a diversidade de povos, romper com a ideia de “todos os índios são iguais” e despertar o interesse e o respeito das crianças às culturas indígenas existentes no Brasil.

        e)  Culturas indígenas. Qual o tamanho da diversidade cultural de cada povo indígena? Poucas pessoas tiveram acesso a tamanho conhecimento e manifestações culturais. Música, arte plumária, cerâmica, cestaria, narrativas… Apresente para seus alunos um pouco do que os povos produziram e produzem no que diz respeito a manifestações culturais.

      No site Artesanato Indígena (http://ww38.artesanatoindigena.com/categoria/arte-indigena-brasileira/), você confere diversos materiais que apresentam a arte indígena brasileira;

    Quando o assunto é culinária indígena (https://escolaeducacao.com.br/comidas-indigenas/), você pode preparar ou apresentar pratos típicos.

      

f)      Línguas:

          Construa um dicionário de palavras! Faça uma aula dinâmica apresentando a tradução de palavras, a origem e como são pronunciadas. Outra dica é montar um quebra cabeça para relacionar imagens e palavras.

          São 274 línguas, com muitas palavras utilizadas no nosso dia a dia. Abacaxi, catapora, capim, minhoca, paçoca, entre outras.

           Alguns links úteis são:

              ·       Dicionário indígena

(http://dicionarioindigena.blogspot.com/). Dicionário simples com nomes e traduções;

·       Dicionário Tupi Guarani  (https://www.dicionariotupiguarani.com.br/section/a/page/2/).

É um dicionário ilustrado do Tupi Guarani. O site apresenta filtros para nomes culinários, bichos, plantas, entre outros;

·       Mapa de Povos Nativos do Brasil

(https://www.dicionariotupiguarani.com.br/mapa-familias-linguisticas/).

Aqui você encontra o nome do povo, a língua e a família linguística de cada região. As possibilidades de trabalhar o tema são diversas! Você pode separar os alunos em grupos e pedir para que eles apresentem algumas curiosidades de cada povo e língua, por exemplo.

 

g)   Geografia e política:

         Com as turmas mais velhas, priorize debates sobre a atual situação dos indígenas no Brasil. O debate sobre a demarcação de terra tem ganhado repercussão todos os anos. A demarcação das terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas se constitui com uma das principais obrigações impostas ao estado brasileiro pela Constituição Federal de 1988. 

Bem, com tudo isso, não podemos dizer que não podemos incrementar nossas aulas, não é mesmo?

(Fonte: https://blog.wpensar.com.br)


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