O brinquedo acompanha a
ancestralidade humana. Muitas brincadeiras que as crianças praticam nos dias de
hoje, remontam da Antiguidade. Guy (2006, p.28) nos relata que brincadeiras
como pular carniça, puxar carrinho e cabo-de-guerra, por exemplo, são originárias
dos tempos egípcios. Na Grécia e na Roma antiga já se brincavam de bonecas e
soldadinhos e o povo viking, grandes navegadores, utilizavam os jogos de tabuleiro
em suas naus, como forma de distração e entretenimento. Já, no Brasil as
cantigas de roda ou rodas infantis, legado sociocultural dos portugueses e
africanos, são as primeiras manifestações recreativas de que temos registros.

O brincar, até o século
XIX, foi considerado um simples passatempo sem qualquer importância, desenvolvido
nas horas de folga ou lazer apenas para o preenchimento do tempo ocioso. As
famílias patriarcais, com seus modelos mais rígidos e tradicionais não
permitiam a interação lúdica entre seus membros mais velhos e mais novos,
devido às normas sociais e morais da época. As crianças eram, simplesmente,
preparadas para serem adultos, de forma que o homem e a mulher assumissem seus
papéis sociais na sociedade, e nada mais.
Atualmente, os especialistas são
unânimes em afirmar que a brincadeira é uma prática positiva na ampliação do
elo inicial no relacionamento e comunicação entre e filhos. Tanto o jogo, o
esporte, as histórias, músicas e danças são importantes no desenvolvimento
humano. Eles estimulam conexões cerebrais nos primeiros anos de vida da
criança. Souza et al. (2010, p.82), diz:
"Aumentando
suas sinapses, aumentam seus recursos é informações,
tornando-a mais inteligente, criativa e feliz, pois não podemos esquecer um ingrediente fundamental à plasticidade das
células nervosas, que é a emoção."
Isso não quer dizer que toda criança que brinca terá evolução do seu potencial interno grarantido, porém a importância de um ambiente favorável para a brincadeira: a correta mediação entre quantidade e qualidade desse brincar; a predisposição biopsicossocial da criança para as atividades lúdicas impulsionada pelos pais ou pessoas do seu convívio social são condições determinantes na qualidade do desenvolvimento infantil.
Os educadores também são categóricos
em afirmar que os jogos e as brincadeiras são instrumentos extremamente
eficazes no ensino, pois além de estimular a coordenação motora, tanto ampla quanto
fina, também atua como fator de equilíbrio da condição psicológica, tão
favorável para o aprendizado.
Corroborando com essa ideia,
Souza et al.(2010, p.96) diz:
O professor, ao inserir a
brincadeira em sala de aula, além de torná-la mais atrativa, enriquece o
próprio conhecimento, pois consegue ter um novo olhar sobre seu aluno. Nesse
momento, as crianças demonstram liberdade e criatividade, expandindo a
predisposição para receber o conteúdo. Esse novo olhar, permite ao professor
observar e realinhar as atividades de acordo com o que as crianças lhe
demonstram.
“Entre
eles, destacam-se o maturacional, no respeito às fases de culturas entre jogo e
esporte; o do regionalismo, no processo de
valorização e desenvolvimento da
criança; o conceitual, na compreensão das diferenças e ressignificação da
cultura lúdica; o da individualidade, nos respeito no processo de aprendizagem;
o da complexidade, ao se buscar as várias dimensões de a cada um
desenvolvimento; o da seriedade, ao se pensar nos valores dessa atividade à
criança; o da inclusão, ao inserir todos na atividade; o da ludicidade, ao
respeitar o interesse e o prazer da criança; e o da coletividade, ao propor o
espírito de cooperação do fazer junto.”
Souza et al (2010, p. 235) afirma que:
“Mais
uma vez está comprovado que a aprendizagem do aluno tem muito mais proveito quando
ela acontece de forma lúdica, ao invés de estar somente repassando e cobrando (...)
o resultado quantitativo e não o
qualitativo.”

As práticas que conhecemos
como lúdicas devem ser expandidas na mente da criança. O livro pode ser visto
como lúdico, como uma ferramenta para que a brincadeira aconteça. O ato de ler deve ser interpretado como prazeroso,
estimulante e inspirador de novas reflexões e desencadeador de novas brincadeiras. A inserção de contação de histórias, por
exemplo, o quanto mais cedo ocorrer, melhor será sua aceitação futura. O desenrolar
na narrativa dessa contação de história, quando bem desenvolvida, pode evoluir
para brincadeiras onde as próprias crianças sejam suas criadoras.
Deve-se ressaltar que o brinquedo, não necessariamente,
precisa ser caro, mas sim deve desencadear a capacidade imaginativa da criança.
Aliás, ela sempre que possível deve elaborar seus próprios brinquedos e
explorar suas possibilidades. “Ela, ao tomar o nada em suas mãos, cria um
carrinho, um bichinho ou um avião (…), fruto de sua imaginação.” (SOUZA et
al., 2010, p.94). Sendo assim, procure fazer uma imersão em seu processo
criativos, buscando objetos e espaços para as diferentes manifestações lúcidas.
(Fonte: https://www.infoescola.com/pedagogia/vamos-brincar/)