(Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=7ZVnsTmd0dE)
Existem aceitações que deveríamos entender não como
submissão, mas sim como sabedoria.
Fugindo do
comercial, do folclórico, o sentido da Páscoa, pode ir mais além do que
coelhinho ou ovos de chocolate. Vamos em busca do espiritual, do renascimento,
da superação da dor, o triunfo sobre a morte.
Quando pensamos na resiliência, na aceitação serena do
destino e da virtude diante do sofrimento, podemos caminhar lado a lado com o
real sentido da Páscoa. Na verdade, são duas retas que convergem para um único
ponto.
Neste comentário pensemos em fugir de dogmas
religiosos ou doutrinas. Procuremos dialogar comparativamente com a jornada do
Cristo em seu renascimento e os pensamentos do domínio das ideias, conjugando
com a transcendência, virtude e a libertação da alma. Duas filosofias
distintas, porém, incidindo no mesmo objetivo.
O
SOFRIMENTO: TRAVESSIA NECESSÁRIA PARA O DESPERTAR
No Cristianismo aprende-se que a Páscoa só acontece
após a dor da cruz. Antes da ressurreição vemos agonia, abandono e silêncio.
Já, para os resilientes, o sofrimento também é reconhecido como um processo
inerente à vida; uma nova vida. Trata-se, portanto, uma porta para o
crescimento e o desvelamento da sabedoria para esse novo caminhar. “Não
devemos pedir que imaginar que as coisas sempre acontecerão da forma que desejamos,
devemos intuir que elas ocorram como tudo deve ser”.
Passividade? Não, sabedoria.
O Cristo cumpre sua jornada, aceitando o seu papel e
entrega-se, não por fraqueza ou submissão, mas por força interior – um
enaltecimento à sua proposta de vida. Ele transcende à dor por uma proposta
mais além – a vida nova. O resiliente, por sua vez, não confronta aquilo que
não pode controlar, mas instiga sua alma para permanecer firme, ajustando suas
ações para a superação de forças maiores.
A cruz, no fundo, representa aquilo que todos
carregamos: dores, perdas, desafios. Neste sentido, tanto o Cristo quanto o
resiliente conseguem enxergar uma possibilidade de travessia com dignidade,
lucidez, respeito e amor para os caminhos tortuosos que surgem a sua frente.
MORRER PARA O EGO: O VERDADEIRO RENASCIMENTO
O renascimento pascal vai além do sobrenatural, ele busca abrir portas
para a transformação interior. Ele nos faz refletir que devemos morrer para o
ego, nos desapegar de coisas materiais que, muitas vezes, são fúteis. Devemos
cegar à ilusão da matéria.
“Nós somos efêmeros, somos
poeiras no tempo”. Devemos entender esta fala, não como deprimente, mas
como um pensamento libertador, onde a transitoriedade da vida nos leve a uma
nova forma de viver, centrando-nos na virtude, desapegado do que não podemos
controlar e demonstrando gratidão pelo que somos e conquistamos com
integridade.
A Páscoa nos convida ao mesmo
pensamento: despojarmo-nos do homem velho e renascermos em consciência. O
Cristo ressuscitado e o resiliente iluminado conjugam o mesmo ideário de vida.
Os pensamentos cristãos da vitória
sobre a carne, da luz sobre as trevas interiores são paralelos ao entendimento
da força da consciência sobre o ego.
PERDÃO,
AMOR E SERENIDADE: VIRTUDES QUE TRANSCENDEM À DOR.
Cristo, quando na cruz, perdoou àqueles que o feriram. O perdão é um
gesto incomparável de força espiritual. Aqueles que são resilientes sustentam o
pensamento que o perdão surge do entendimento que os seres humanos erram por
ignorância e incapacidade de superar seu egoísmo.
“Sábio é aquele que compreende antes de julgar e a virtude
aflora com a compreensão e domínio de si e não dos outros”.
A Páscoa nos convida a amar, mesmo quando a dor e os
ferimentos alheios são intensos e, por vezes, parecem insuportáveis. Devemos
rasgar as correntes da mágoa e do rancor. Da mesma forma, aquele que é
resiliente não sucumbe ao peso das ofensas, pele contrário, ele entende que
cada pessoa tem o livre arbítrio. Ele, portanto, tem a responsabilidade sobre
suas ações.
O perdão, tanto para o Cristo quanto para os
resilientes é um ato de liberdade. O perdão é a escolha consciente de que a
mazelas do mundo não devem ao equilíbrio ou contaminar a paz que desejamos ou
precisamos ter.
O LOGOS E O CRISTO: A RAZÃO CÓSMICA E A CONSCIÊNCIA DIVINA
Os resilientes sustentam que o logos é a razão perene que organiza o universo presente no ambiente e nas pessoas. Viver em harmonia é viver com sabedoria e em consonância com o fluxo da vida e confiante em si para a superação das dificuldades que surgem durante o caminhar da vida.
O logos é o princípio de tudo, até o
próprio evangelho faz esta afirmação. Em João (1:1-14) encontramos o Cristo
sendo apresentado como o "Verbo" (Logos), que era com Deus e era
Deus, e através do qual todas as coisas foram feitas. A materialização do Verbo
- o Logos – que se tornou carne é um dos pilares teológicos do Evangelho.
Podemos, então, perceber a clareza
desta conexão. Tanto o logos dos resilientes quanto o Cristo do evangelho
representam uma consciência superior, uma sabedoria suprema que habita nosso
ambiente visível e invisível.
Viver norteado pelo logos ou pelo
Cristo representa o alinhamento com algo maior, muito além do material,
assumindo a consciência e a virtude que devem nos despertar a vivermos com
propósitos saudáveis e plenos para o amor.
A Páscoa e os pensamentos
resilientes são e vão além de meras tradições; são reflexos de uma única
verdade. É necessário que se morra internamente para renascer para a verdade e
o amor. Ao morrermos para as ilusões, a raiva e o egoísmo, ressurgimos vivos
para a consciência serena e para a virtuosidade.
Você já interpretou a Páscoa desta forma?
(Fonte: Chama Etoica)
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