COMPETÊNCIAS NA EDUCAÇÃO
O ensino tradicional, onde os conteúdos são desenvolvidos separadamente, aplicados em blocos, independente de sua funcionalidade, atualmente é algo que precisa se repensado. O mundo globalizado atual tornou-se mais desafiador, ele exige das pessoas constante multiplicidade de ações, as informações chegam instantaneamente e exigem interpretações e ações muito rápidas e, ao mesmo tempo, muito reflexivas, para não sermos apanhados nas armadilhas que essa rapidez das informações pode trazer de maneira oculta. A educação atual exige dinamismo, cultura diversa, transversalidade de conhecimentos, capacidade de análise e síntese muito hábeis. Todos esses conhecimentos apresentam novos paradigmas à educação.
Portanto continuar ensinando sempre igual, isolando as áreas do conhecimento, com aulas meramente expositivas não estimula o desenvolvimento das potencialidades do aluno. Muitas vezes o simples diploma já não é mais um diferencial para o professor. O diferencial, no momento que vivemos, é a capacidade de superação dos problemas. As pessoas, nesse sentido, necessitam de uma visão holística de conhecimentos onde o modelo de ensino por competências deva ser observado, uma vez que busca superar o tradicionalismo no ensino, baseado na conexão entre as áreas do saber.
Aprender por competências significa ir além da teoria. Devemos desenvolver uma metodologia combinada ao conhecimento das práticas de vida, motivações, valores, recursos, atitudes e habilidades para realizar ações mais eficazes e necessárias aos nossos tempos. Dessa forma, a dicotomia conceito e prática se encerra em sua desconexão. A integração entre os conteúdos deve provocar novas aprendizagens. Como define Sharlyn Lauby, especialista em Recursos Humanos, competências são características que podem ser desenvolvidas por meio de aprendizagens ou experiências. Ou seja, elas podem ser aprendidas. Já, as habilidades são qualidades que o profissional tem para fazer alguma coisa. E estas podem ser refinadas pelas competências aprendidas.
As habilidades mais recorrentes para a formação dessa pessoa para os momentos atuais são:
a) Habilidades práticas: proatividade, comunicação e resolução de problemas;
b) Habilidades cognitivas: curiosidade, autonomia, reflexão e crítica;
c) Habilidades técnicas: capacidade para lidar com ciência, tecnologia, engenharia e matemática – as chamadas competências STEM, na sigla em inglês para Science, Technology, Engineer e Math;
d) Habilidades sociais: interação, cooperação e valorização;
e) Habilidades emocionais: capacidade de persistência e disciplina, entre outras.
Estas duas últimas habilidades também são denominadas de habilidades socioemocionais, pois combinam aspectos da vida social e emocional.
As competências, portanto, servem para aprimorar o desenvolvimento integral das pessoas. O estímulo às habilidades socioemocionais, por exemplo, favorece um aprendizado útil para a vida e auxilia qualquer um a lidar com seus próprios desafios. Nos próximos anos, as competências deverão ser palavra de ordem.
A aprendizagem por competências mostra uma matriz curricular flexível, onde o professor desenvolve seu trabalho com as características que a realidade social exige para cada não desmerecendo os conteúdos, mas sim ajustando-os à realidade do aluno. Se antes o aluno aprendia a teoria que, muitas vezes, se esvaziavam em si mesmas, atualmente sua conexão com as necessidades reais, movidas pela práxis é de fundamental importância, conduzindo a aprendizagem para estimular o indivíduo a lidar melhor com o mundo que o cerca, a gerenciar problemas, a ser criativo para não superar as demandas que poderá enfrentar.
Esse saber fazer – a técnica – deve ser atrelado a um conjunto de conhecimentos – habilidades – cuja Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nos mostra desde 1996, deve ser avaliado não apenas pelo conhecimento teórico, mas considerar a capacidade de interpretar e tentar solucionar problemas. Atualmente, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) orienta a utilização do ensino por competências para o desenvolvimento educacional integral, para promover uma experiência escolar mais humanizada e acessível a todos.
A UNESCO, ao tratar da Educação para o século XXI, indica a necessidade de uma educação em que a aprendizagem seja embasada em habilidades que tornem o indivíduo apto para enfrentar numerosas situações, algumas das quais são imprevisíveis, além de facilitar o trabalho em equipe, que é uma dimensão pouco explorada pelos métodos de ensino mais tradicionais.
A matriz curricular das escolas deve passar, por tanto, por um processo de desconstrução, em que o principal objetivo é tornar o aluno protagonista do ensino. Além disso, os professores continuam em sala de aula, mas agora trabalham suas próprias habilidades sociais, emocionais e cognitivas. Eles devem trabalhar coletivamente para que a aprendizagem seja proposta de forma integrada e suas avaliações superem provas bimestrais, com o acréscimo de observações de trabalhos em grupo ou projetos, por exemplo. Espera-se, com isso, maior maturidade cognitiva e socioemocional e superando as tradicionais escalas de classificação quantitativa. A possibilidade de autoavaliações ou avaliações realizadas por seus pares, nesse processo, são possibilidades de garantir a visão total da aprendizagem, considerando principalmente o estímulo à capacidade de reflexão sobre suas próprias produções.
A proposta de aprendizagem por competências, deve preparar as escolas e os alunos para o grande desafio do ensino no século XXI: formar indivíduos para atuar em um mundo complexo e em constante desenvolvimento.
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