Fontes: https://pedagogiaconcursos.com/questoes-de-concursos/10-questoes-de-ensino-religioso/ https://www.neipies.com/funcao-do-ensino-religioso-na-perspectiva-da-laicidade/
Você sabe o que significa o termo imanência? Imanência é algo que tem em si próprio o seu princípio e seu fim. Já o termo transcendência, faz referência a algo que possui um fim externo e superior a si mesmo. O primeiro termo nos remete à realidade material, apreendida imediatamente por nossos sentidos, ao passo que transcendência se refere à realidade imaterial, de uma natureza puramente teórica e racional.
A Filosofia, desde Platão e Aristóteles (entre os anos 400-330 a.C.), tenta lidar com o esclarecimento de ambos os termos, visto que são antagônicos e que provocam a discussão acerca da validade de cada um ou da superioridade de um sobre outro.
Durante a Idade Média, a discussão da validade de cada um desses conceitos dividiu o pensamento entre grandes filósofos; os neoplatônicos, como Agostinho, defendiam a superioridade inquestionável da transcendência, e os filósofos aristotélicos, como Tomás de Aquino, acreditavam a validade da realidade imanente.
Do ponto de vista religioso entende-se que:
· Imanência: relaciona-se às religiões panteístas, como as religiões africanas e o hinduísmo. Aqui, a concepção da ideia de Deus não se separa da matéria, sendo parte integrante e indissociável dela. Deus está em tudo, permeia tudo e não é uma entidade criadora, mas, sim, organizadora. Na Filosofia, o filósofo holandês Baruch de Spinoza propôs uma ideia de Deus imanente e panteísta, resumida na máxima: ‘Deus sive natura’ (“Deus, ou seja, a natureza”). Deus seria a matéria presente em tudo e que participa de tudo;
· Transcendência: a tradição judaico-cristã e islâmica se embasa na noção de um Deus transcendente, ou seja, uma entidade primeira e separada da matéria que foi responsável por criar tudo o que está na natureza. Para o cristianismo, porém, a figura de Jesus Cristo é a personificação imanente (material) do Deus transcendente (espiritual).
CONTEXTO ESCOLAR
Essa
discussão sobre a diferença entre os dois termos está presente no componente
curricular de Ensino Religioso e, dessa forma, o aluno vai desenvolvendo num
contexto sócio-histórico a construção e consolidação de posturas de respeito à
diversidade cultural e religiosa em um Estado laico.
A escola,
portanto, nesse processo de formação social, através da sistematização e
transmissão dos conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade,
oferece ao aluno a formação humana a partir do desenvolvimento de saberes e
fazeres que contribuem para a justiça social, a inclusão e o exercício da
cidadania.
Nesse sentido,
o aluno vai, ao longo desse processo de formação, tecendo
reflexões, fazendo registros, lendo os textos sugeridos, assistindo vídeos,
observando imagens com atenção para interpretá-las, ouvindo músicas, realizando
atividades, compartilhando ideias e, com isso, aprimorando sua atuação
responsável na sociedade.
Logo, o Ensino
Religioso como área de conhecimento trabalhada no dia a dia da escola contribui
para a materialização dos ideais de democracia, inclusão social e educação
integral, conforme descrito na BNCC, pois com as diretrizes, objetivos e
competências gerais apresentadas nesse documento, a comunidade escolar deve empreender
um movimento de ação na prática pedagógica das escolas, incentivando seus
filhos, independentemente de qualquer posicionamento religioso, a participar
das aulas de Ensino Religioso.
O Ensino Religioso
tem o enfoque de superação do proselitismo. Ele diz não ao intento de converter
pessoas, ou determinados grupos, a uma determinada ideia ou religião. A Escola,
como dissemos anteriormente, é laica e, sendo assim, busca constantemente um
diálogo respeitoso à diversidade cultura e religiosa em todos os segmentos de
nossa sociedade para que encontremos perspectivas para repensar a vida social e
adquirir uma responsável convivência coletiva.
Ao tratarmos
sobre os conhecimentos religiosos é preciso, segundo a BNCC, partir de
pressupostos éticos e científicos, sem privilégio de nenhuma crença ou convicção
ideológica. Para isso deve-se considerar que o conhecimento religioso é um
objeto de estudo amplo, que perpassa diversas questões sociais, a BNCC
organizou os objetos de conhecimento (conteúdos) em torno de três unidades
temáticas que dialogam entre si e se complementam, a saber:
· Identidade
e alteridade:
· Crenças
religiosas e filosofia de vida;
· Manifestações
religiosas.
Para se
alicerçarmos esse conhecimento deve-se desencadear problematizações sobre
aspectos da realidade que, a partir da investigação, levem à reflexão
individual e coletiva. Esta última, materializada por meio do diálogo.
Portanto, problematizar, investigar, refletir e dialogar são princípios
norteadores no processo de aprendizagem em Ensino Religioso.
Essa imersão
leva à compreensão do seu próprio “eu” , que é importante para traçar
alternativas nas quais os alunos se reconheçam como indivíduos únicos e
singulares, mas que também enxerguem e respeitem os “outros” em suas
individualidades. Daí, a importância de se compreender que o “eu” é construído
na relação com os “outros”. É nessa relação que cada um se apropria da cultura
e, ao mesmo tempo, a produz.
E, nesse ponto, quando trabalhamos o “eu”, o “outro” e o “nós”, identificando e acolhendo as semelhanças e diferenças é que, justamente, aprendemos a respeitar as características físicas e subjetivas de cada um, valorizando a diversidade de formas de vida. Nesse momento estamos diante da imanência e transcendência, que tanto enriquece o aprendizado em Ensino Religioso, com o olhar voltado para a formação de seres humanos críticos, participativos e respeitosos.
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